Uso e aplicação de bioinsumos na agricultura do Brasil

A bioeconomia tem se afirmado como um pilar para o desenvolvimento sustentável na agricultura, com o uso de bioinsumos ganhando destaque em todo o mundo, especialmente no Brasil. Atualmente, 36% das lavouras usam algum tipo de insumo biológico no manejo das culturas (Caligaris et al., 2022). De acordo com a pesquisa da Spark Smarter Decisions, enquanto o consumo médio mundial de bioinsumos é de 15%, no Brasil atinge 28%, movimentando mais de R$ 1 bilhão anualmente. Esses números refletem a crescente adoção de práticas agrícolas mais sustentáveis.

O relatório da CropLife indica que a adoção de insumos biológicos aumentou em 70% entre 2022 e 2023, com um impacto econômico projetado de R$ 5,6 bilhões. 

Os bioinsumos, originados de fontes animais, vegetais ou microbianas, são eficazes na nutrição das plantas e no controle de pragas. Eles ajudam a mitigar estresses bióticos e abióticos, promovendo um manejo mais equilibrado das lavouras e florestas.

A adoção de bioinsumos não apenas melhora a produtividade agrícola, mas também está alinhada com a necessidade de práticas mais responsáveis em relação ao meio ambiente. Nesse artigo, abordaremos esses principais conceitos e aplicações no campo.

Vamos lá?
Boa leitura!

O que são bioinsumos?

Os bioinsumos “são produtos, processos ou tecnologias oriundos de fontes vegetais, animais ou microbianas, que têm como objetivo promover o uso sustentável na produção, armazenamento e beneficiamento de produtos agropecuários”. Eles são utilizados nos sistemas de produção, incluindo aquicultura e florestas plantadas, contribuindo para o crescimento e desenvolvimento de plantas, animais e microrganismos.

Esses insumos interagem positivamente com os processos físico-químicos e biológicos do ambiente agrícola, melhorando a eficácia das práticas de cultivo.
 

Figura 1. Uso de bioinsumos em grandes culturas. Fonte: Biome4all (2023).

Uso e aplicação 

Esses produtos são criados para impactar favoravelmente a resposta das plantas e animais às condições de estresse, como pragas, doenças e variações climáticas. Ao utilizar bioinsumos, os produtores agrícolas podem adotar uma abordagem mais sustentável, reduzindo a dependência de insumos químicos e promovendo práticas que respeitem o equilíbrio ambiental. Dessa forma, os bioinsumos são fundamentais na busca por uma agricultura mais ecológica e responsável.

Além disso, a aplicação de bioinsumos pode resultar em melhorias na produtividade e qualidade dos produtos agropecuários. Por meio de tecnologias que envolvem a utilização de microrganismos benéficos, por exemplo, é possível aumentar a eficiência no uso de nutrientes e promover a saúde do solo, favorecendo o desenvolvimento da soja, milho e outras culturas agrícolas.
 

Figura 2. Representação dos benefícios dos bioinsumos. Fonte: Jornada Verde (2022).

Mas, quais são os principais bioinsumos?

Atualmente, existem vários tipos de bioinsumos disponíveis no mercado, que podem ser classificados em biofertilizantes, bioestimulantes e agentes biológicos de controle, divididos em microrganismos e macrorganismos.

Bioinsumos aplicados nas grandes culturas

Biofertilizantes
Compostos principalmente por microrganismos que desempenham funções como a fixação de nitrogênio no solo, a mineralização de potássio e a solubilização de fósforo (P2O5), tornando-o mais acessível para as plantas. 

Dessa forma, os biofertilizantes agem na melhoria da qualidade do solo e ajudam na absorção eficiente de nutrientes pelas plantas.

Bioestimulantes
Utilizados para o manejo de estresses abióticos causados por fatores como pragas, doenças e condições ambientais adversas. Exemplos incluem aminoácidos, extratos de plantas, ácidos orgânicos e extratos de algas. 

Esses bioinsumos ajudam a reduzir o estresse nas plantas e promovem seu desenvolvimento adequado.

Agentes biológicos de controle

Também conhecidos como biopesticidas ou biodefensivos, esses bioinsumos são classificados em agentes microbiológicos (bactérias, fungos e vírus) e macrobiológicos (ácaros, insetos e nematoides predadores de pragas). 

Sua principal função é o controle de populações de pragas e doenças por meio de um manejo sustentável, utilizando organismos vivos que agem de forma específica para manter o equilíbrio do ecossistema.

Perspectivas futuras no Brasil

O mercado de bioinsumos no Brasil tem novas perspectivas para as culturas de soja, milho, cana-de-açúcar, café e algodão, principalmente com o aumento da demanda por insumos de origem biológica e de menor impacto ambiental. 

Essas culturas de grande expressão no agronegócio brasileiro estão cada vez mais explorando bioinsumos para aprimorar a qualidade do solo e melhorar as interações ecológicas, promovendo um cultivo mais equilibrado e menos dependente de produtos sintéticos. 

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Conclusão

A utilização de bioinsumos na agricultura brasileira tem demonstrado ser uma alternativa sustentável e promissora para o manejo agrícola, promovendo a harmonia entre a produtividade e o respeito ao meio ambiente. 

Ao substituir parcialmente os insumos químicos, os bioinsumos oferecem uma forma de cultivar que preserva a saúde do solo e favorece o equilíbrio ecológico, refletindo o compromisso do setor com práticas mais responsáveis e sustentáveis.

Com o desenvolvimento contínuo de novas tecnologias e produtos no mercado, a agricultura brasileira está cada vez mais preparada para incorporar bioinsumos em suas práticas, destacando-se como referência em inovação e sustentabilidade. 
Assim, o uso de bioinsumos projeta um futuro promissor para a agricultura, onde produtividade e preservação ambiental caminham lado a lado.

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Referência

Alves, E. R.A., Souza, G. D. S., & Gomes, E. G. (Eds.). (2013). Contribuição da Embrapa para o desenvolvimento da agricultura no Brasil. Embrapa. 
Meyer, M. C., de Freitas Bueno, A., Mazaro, S. M., & da Silva, J. C. (2022). Bioinsumos na cultura da soja. Embrapa Soja. 
Souza, F. P., Castilho, T. P., & Macedo, L. O. (2022). Um marco institucional para os bioinsumos na agricultura brasileira baseado na economia ecológica. Sustainability in Debate, 13(1), 266-285. 
Vidal, M. C., Amaral, D. F. S., Nogueira, J. D., Mazzaro, M. A. T., & Lira, V. M. C. (2021). Bioinsumos: a construção de um Programa Nacional pela Sustentabilidade do Agro Brasileiro. Economic Analysis of Law Review, 12(3), 557-574.

Sobre o autor
Alasse Oliveira da Silva
Doutorando em Produção Vegetal (ESALQ/USP)
•    Engenheiro agrônomo e Técnico em agronegócio
•    Mestre e especialista em Produção Vegetal (ESALQ/USP)