5 dicas de sustentabilidade na produção de grãos do Brasil
Conheça as 5 principais práticas adotadas na produção de grãos no Brasil que aliam eficiência agrícola à conservação ambiental, social e econômica.
A agricultura sustentável deixou de ser apenas uma tendência para se tornar uma resposta indispensável aos desafios ambientais e econômicos da atualidade. Segundo a primeira projeção do IBGE, a safra brasileira de grãos deverá crescer 5,8% em 2025, atingindo 311 milhões de toneladas. Esse crescimento ressalta a importância de aliar produtividade à preservação ambiental em um mundo que enfrenta escassez de recursos naturais e mudanças climáticas.
O grande desafio é produzir mais sem expandir a área de cultivo, utilizando menos água, fertilizantes e defensivos agrícolas. Projeções indicam que, até 2050, a demanda mundial por alimentos deve aumentar 70%, enquanto 80% desse suprimento dependerá de maior rendimento em áreas já cultivadas, que estão encolhendo globalmente. No Brasil, um dos maiores exportadores de grãos do mundo, essa equação é ainda mais urgente. É nesse cenário que as práticas sustentáveis ganham destaque, integrando eficiência produtiva e conservação ambiental.
Neste artigo, você descobrirá 5 práticas sustentáveis que estão transformando a produção de grãos no Brasil. Vamos explorar como essas iniciativas não apenas protegem os recursos naturais, mas também promovem um modelo agrícola mais responsável e alinhado com as necessidades globais.
Vamos lá?
Boa leitura!
5 principais práticas sustentáveis na produção de grãos no Brasil
Na produção de grãos no Brasil, a adoção de práticas sustentáveis é indispensável para atender à crescente demanda por alimentos enquanto se protege os recursos naturais.
Nesse cenário, destacaremos 5 práticas sustentáveis que são pilares de uma agricultura eficiente e comprometida com a conservação ambiental.
I. PLANTIO DIRETO
Atualmente, aproximadamente 35 milhões de hectares da área agrícola brasileira utilizam o Sistema de Plantio Direto (SPD). Essa prática é adotada por produtores de milho, soja, trigo, feijão e arroz devido aos múltiplos ganhos que oferece. Entre eles estão a maior retenção de umidade no solo, a proteção contra erosão, a flexibilidade no período de plantio e a redução de insumos e operações, resultando em uma produção agrícola mais eficiente e sustentável.
Figura 1. Fundamentos do sistema de plantio direto. Fonte: Material didático J.L. Favarin (2024) e Agroadvance (2024).
II. ROTAÇÃO DE CULTURAS
A prática de alternar o cultivo de soja e milho é um papel estratégico na agricultura brasileira, oferecendo benefícios para o manejo do solo e das culturas. Além de interromper o ciclo de pragas, doenças e plantas daninhas, essa técnica contribui para o equilíbrio na utilização de nutrientes, ajudando a preservar e melhorar a fertilidade do solo.
A rotação de culturas também impacta positivamente a estrutura do solo, promovendo maior retenção de água e nutrientes, ao mesmo tempo em que minimiza os riscos de erosão. Essa abordagem é fundamental para alcançar uma produção agrícola mais sustentável e produtiva, garantindo melhores resultados no cultivo de grãos.
Figura 2. Plantas de cobertura e sistema de rotação de culturas agrícolas. Créditos: Fotos: Sérgio L. Gonçalves - Embrapa (2021).
III. DESENVOLVIMENTO E TECNOLOGIA NO AGRO
Para que o Brasil alcance suas metas agrícolas, toda a cadeia de valor do setor agropecuário desempenha uma chave estratégica. Cada produtor tem a oportunidade de integrar práticas que combinem produtividade e rentabilidade com ações voltadas à preservação ambiental.
Nesse contexto, abordagens como o controle biológico, o uso de bioinsumos e a agricultura regenerativa ganham relevância, agregando valor à produção ao mesmo tempo em que favorecem o equilíbrio ecológico. Tecnologias inovadoras, como imagens de satélite para monitoramento de lavouras e drones para aplicações específicas, estão cada vez mais presentes no cotidiano das propriedades rurais, otimizando operações e promovendo maior eficiência.
Na produção de grãos, tecnologias de precisão têm se destacado como ferramentas indispensáveis para uma agricultura sustentável. A aplicação direcionada de insumos, como fertilizantes, água e defensivos agrícolas, minimiza desperdícios e reduz os impactos ambientais, promovendo um uso mais racional dos recursos disponíveis.
Além disso, o monitoramento em tempo real das condições de solo e lavoura permite ajustes rápidos no manejo, contribuindo para a proteção dos ecossistemas e garantindo que a produção de grãos, como soja e milho, seja conduzida de maneira econômica e ambientalmente responsável.
Figura 3. Tecnologia presentes no campo. Créditos: Lebna Landgraf (MTb 2903 - PR) - Embrapa Soja (2023).
IV. INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA-FLORESTA (ILPF)
A Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) é uma prática sustentável que combina sistemas produtivos agrícolas, pecuários e florestais em uma mesma área, podendo ser implementada em cultivo consorciado, em sucessão ou em rotação. Essa integração gera sinergias que beneficiam todas as atividades, promovendo maior equilíbrio ecológico e eficiência no uso dos recursos disponíveis.
A ILPF busca otimizar o uso da terra, promovendo uma gestão inteligente e produtiva das áreas agrícolas, sem a necessidade de expansão para novos territórios. Esse sistema integrado permite elevar os níveis de produtividade ao combinar culturas agrícolas para alimentação, fibras ou energia com a pecuária (bovinos de corte ou leite, bubalinos, caprinos e ovinos, e até suínos e aves em casos específicos) e a silvicultura.
As árvores utilizadas podem ter fins madeireiros (como eucalipto e pinus) ou não madeireiros (como espécies frutíferas e nativas), garantindo diversificação e sustentabilidade. Além disso, a ILPF promove benefícios ambientais importantes, como a redução da emissão de gases de efeito estufa e, em muitos casos, a mitigação desses gases, contribuindo para atender às metas de carbono zero.
Do ponto de vista técnico, o sucesso da ILPF depende de um planejamento criterioso, com seleção adequada das espécies agrícolas e florestais, manejo integrado do solo e dos pastos, e monitoramento contínuo das interações entre os componentes. O sistema também proporciona melhorias na fertilidade do solo, maior retenção de água e controle da erosão, além de criar um microclima mais favorável para os cultivos.
Assim, a ILPF não apenas diversifica a produção e aumenta a resiliência do sistema agropecuário, mas também impulsiona a rentabilidade e promove o uso responsável da terra.
Figura 4. Representação de um sistema ILPF. Créditos: Embrapa (2023).
A ILPF integra atividades agrícolas, pecuárias e florestais em uma mesma área, promovendo melhorias no solo, redução da erosão e captura de carbono. Essa prática diversifica a produção, conserva a biodiversidade e contribui para sistemas agrícolas mais resilientes e sustentáveis.
V. MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS E DOENÇAS (MIPD)
É considerado sustentável na produção de grãos por minimizar o uso de defensivos químicos, proteger a biodiversidade e favorecer uma gestão mais responsável dos recursos agrícolas. Essa abordagem utiliza estratégias preventivas e controle biológico para manejar pragas de maneira eficiente, preservando a saúde dos ecossistemas e evitando o surgimento de resistência a produtos químicos, o que assegura maior equilíbrio e viabilidade na produção a longo prazo.
Figura 5. Abordagem do manejo integrado na soja. Créditos: Lebna Landgraf (MTb 2903 - PR) - Embrapa Soja (2023).
Como a agricultura no Brasil vai evoluir rumo a sustentabilidade?
A evolução da agricultura brasileira rumo à sustentabilidade passa pela adaptação de culturas agrícolas a diferentes condições ambientais, visando eficiência e resiliência.
Esforços estão sendo direcionados para ampliar a viabilidade técnica e econômica de culturas como arroz, milho, soja, sorgo, gergelim e amendoim em regiões que enfrentam restrições hídricas, térmicas e nutricionais.
Além disso, o manejo de solos desafiadores, como os de textura arenosa e plintossolos, presentes nos biomas Amazônia, Caatinga e Cerrado, tem recebido atenção especial para viabilizar uma produção mais equilibrada.
A adoção de sistemas integrados, como ILP, ILF e ILPF, combinada com a diversificação da matriz de produção, incluindo cereais de inverno, canola e girassol, busca reduzir a dependência da sucessão soja-milho, tornando os sistemas agrícolas mais equilibrados. Além disso, práticas sustentáveis têm sido implementadas para enfrentar desafios como ferrugem asiática na soja, mofo-branco, fitonematoides e fusarioses.
A mitigação dos impactos climáticos e a adoção de tecnologias avançadas, como manejo integrado e agricultura de precisão, são essenciais para manter a qualidade de sementes e grãos e enfrentar problemas como a compactação do solo e a resistência de pragas a agroquímicos.
Tabela 1 - plano sustentável na produção agrícola do Brasil para os próximos anos.
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Conclusão
A sustentabilidade na produção de grãos no Brasil é um desafio que exige a integração de práticas inovadoras, tecnologias avançadas e manejo eficiente. Estratégias como plantio direto, rotação de culturas, integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), manejo integrado de pragas e uso de tecnologias de precisão têm demonstrado ser fundamentais para aumentar a produtividade e conservar os recursos naturais.
Com as iniciativas detalhadas na tabela de objetivos sustentáveis, é evidente que o Brasil tem adotado medidas proativas para enfrentar os desafios da agricultura moderna.
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Referências
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Sobre o autor
Alasse Oliveira da Silva
Doutorando em Produção Vegetal (ESALQ/USP)
• Engenheiro agrônomo e Técnico em agronegócio
• Mestre e especialista em Produção Vegetal (ESALQ/USP)
• alasse.oliveira77@gmail.com
• Perfil do Linkedin (https://www.linkedin.com/in/alasse-oliveira-352006199/?originalSubdomain=br)